1. Pessoas com pré-diabetes ou diabetes tipo 2 com esteatose hepática ao ultrassom e/ou elevação de enzimas hepáticas devem ter o valor do FIB-4 SCORE calculado. Este cálculo pode ser feito utilizando aplicativos gratuitos para smartphones e leva em conta a idade, níveis de TGO, TGP e plaquetas. O FIB-4 indica o risco de o indivíduo ter graus avançados de fibrose.
2. Valores de FIB-4 maiores que 1,3 indicam maior risco de fibrose e, portanto, indivíduos devem ser avaliados por métodos mais completos, como marcadores sanguíneos de fibrose (indisponíveis no Brasil) ou elastografia hepática transitória por ultrassom.
3. Tanto elastografia como FIB-4 possuem capacidade de diagnóstico de formas avançadas de fibrose, não sendo os melhores métodos para diagnósticos de esteato-hepatite e formas leves de fibrose.
4. A biópsia hepática é o padrão-ouro no diagnóstico e estratificação de doença gordurosa do fígado, mas torna-se reservado ao hepatologista experiente nesta área.
Passo 2:
Na 2ª etapa da nossa Trilha do Conhecimento, confira alguns posicionamentos das diretrizes 2023 da Associação Americana para Estudo das Doenças do Fígado (AASLD) sobre alimentação na pessoa com doença gordurosa do fígado.
1. A doença gordurosa do fígado está associada ao consumo excessivo de gorduras saturadas e carboidratos refinados.
2. O consumo excessivo de frutose está associado à progressão para fibrose hepática, independentemente da ingestão calórica final.
3. A alimentação norteada pela chamada dieta do mediterrâneo é uma excelente opção para pessoas com doença gordurosa do fígado.
4. A ingesta de 3 ou mais xícaras de café ao dia (independentemente de ser descafeinado) está associada a uma menor progressão para fibrose.
5. O consumo de álcool é um fator de risco para progressão da fibrose hepática e está completamente contraindicado em pessoas com grau 2 de fibrose ou fases mais avançadas.
Passo 3:
Para o nosso 3º passo, destacamos alguns posicionamentos das diretrizes 2022 da American Heart Association sobre doença gordurosa do fígado e risco cardiovascular.
1. O uso de alguns medicamentos está associado ao maior risco de doença gordurosa do fígado, como amiodarona, aspirina, glicocorticoides, tamoxifeno, ácido valproico e anti-inflamatórios não hormonais.
2. Apesar de estudos preliminares indicarem que 1 a 2 drinques ao dia reduzem o risco de esteato-hepatite e doenças cardiovasculares na população geral, o consumo de álcool está associado à progressão para fibrose naqueles que já possuem esteato-hepatite. Por isso, nestes indivíduos seu consumo deve ser totalmente evitado.
3. Apesar de não trazerem maiores riscos, não há evidências robustas de que estatinas ou ezetimibe ou fibratos ou ômega 3 tragam algum benefício ao quadro de esteatose hepática.
4. Evidências atuais não indicam potencial terapêutico da metformina como agente modificador do quadro de doença gordurosa do fígado.
5. Pessoas com esteatose hepática possuem maior risco de desenvolver doença coronariana aterosclerótica, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e insuficiência cardíaca.
Passo 4:
Para encerrar a nossa Trilha do Conhecimento, compartilhamos um artigo publicado em 2011 com dados do estudo Framingham abordando o excesso de acúmulo de gordura em topografia renal.
1. Mais de 2.900 indivíduos com idade média de 54 anos e IMC médio de 30 kg/m2 tiveram a quantificação de gordura em seio renal feita por tomografia computadorizada. A circunferência abdominal média foi de 106 cm e cerca de 14% tinham diabetes e 577% tinham hipertensão.
2. Indivíduos com o maior acúmulo de gordura no seio renal tinham maior percentual de hipertensão e doença renal crônica.
3. O mecanismo relacionado a esta associação não é completamente elucidado, mas discute-se o papel mecânico da gordura em topografia renal e a ação parácrina de mediadores pró-inflamatórios.
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